segunda-feira, dezembro 13

Bergamota, Tulipa, Cristal, Eucalipto

Os nomes acima, pra quem não sabe (e eu também não sabia até hoje) são de diferentes tipos de rapé ("pó resultante de folhas de tabaco torradas e moídas, por vezes misturadas a outros componentes, especialmente aromáticos, usado para inalação, e que provoca espirros", diz o Houaiss).

Eu já tinha achado bem bacana aquele balcão que vende todo tipo de fumo na praça João Mendes. É o meu caminho pro trabalho, todos os dias. Fica dentro da padaria Santa Tereza, aquela fundada em 1872, vizinha da Igreja de São Gonçalo, que dava nome à praça antes de virar João Mendes (quem convive comigo não aguenta mais pequenos fatos extraídos do livro A Capital da Solidão, leitura de busão do momento).

No final de semana deu vontade, e parei lá pela primeira vez pra ver se vendia Piracanjuba, o cigarro de palha que meu irmão fez o maior esforço pra importar de Goiás e que agora vende em todo lugar. Enquanto pagava, chega um senhor e pede um "bergamota", ou um "tulipa". O senhor velhinho do outro lado do balcão abre uma gavetinha cheia de pequenos potes metálicos, mais ou menos do tamanho de um Vick Vaporub. Consegui enxergar de longe a palavra "rapé".

Não tinha nenhum dos dois, o freguês acabou levando um "eucalipto" e um "cristal". Fiquei morrendo de vontade de comprar um, mas fiquei sem coragem. Minha lembrança de rapé é de Brasília, alguém tinha esse treco, eu botei no nariz e espirrei que nem louco e jurei nunca mais usar. O cara que trabalha comigo, mais ou menos da minha idade, nunca tinha ouvido falar.

Ainda segundo Houaiss, "o hábito de cheirar rapé atingiu o ápice nos séculos XVIII e XIX, e decaiu na primeira metade do século XX, tendendo a desaparecer". Se vai desaparecer, acho melhor comprar logo uns potinhos. Se eu não resolver cheirar, pelo menos acho que vai ficar bem bacana em algum lugar da minha sala.

Menino, como passou rápido!

Normalmente na hora de assinar um cheque, ou para quem não tem cheque (como eu), na hora de preencher qualquer outra data, as pessoas se dão conta que faltam poucos dias pro próximo ano.
- Menino, já é dezembro?
- Gente, já chegou o final do ano?
- Rapaz! Como passou rápido o ano!
Eu defendo que ano nenhum "passa rápido" ou "passa devagar". O ano passa em exatamente 365 dias, ou 52 semanas. Se não quiserem me achar mala demais, particularmente acho que o tempo passa bem devagar, ainda bem.

Essa é aquela época do ano em que tudo é automaticamente adiado para o ano que vem. Natação, ginástica, regime? Ano que vem. Economizar dinheiro? 2005 eu vejo. Agora é se segurar pra tudo aterrisar bem no dia 1º, porque até lá é só balada e preparação pra balada. É tudo euforia. Aliás, foi descrevendo esse estado que eu me acostumei a chamar de "síndrome de final de ano" que virei bipolar na cabeça do psiquiatra supostamente muito sabido. Então tá. Vou ali comprar meu lítio e ver se fica bom com Red Bull.