sexta-feira, agosto 27

Gastronomia pedestre paulistana

O cardápio das calçadas de São Paulo tem muito mais que churrasquinho grego, pipoca e dogão dois-reau-com-suco. Entre o trabalho, a faculdade e o boteco, andei degustando umas coisas, às vezes por falta de tempo, outras porque só tinha dois reais no bolso. Essas são algumas das minhas obsessões mais recentes:

Churrasquinhos Angorá
Se eu vendesse churrasquinho na rua, esse seria o nome da banquinha. Aqui perto do trabalho, virei freguês da Quero Mais. Que teve uma idéia sensacional: botou o churrasquinho na frente de um açougue. Atestado de qualidade! Não que eu imagine mesmo que a mocinha compre a carne ali, mas achei uma bela sacada de marketing. Passo na frente indo pra PUC, começo da noite, bem naquela hora que a fome está me impedindo de raciocinar. Tem de carne, lingüiça, coração e misto. E de queijo de coalho também, mas aí acho que já é arriscar demais. Sempre com farinha, claro. Já está marcado, quando esquentar de vez e não tiver mais aula na sexta, sentar no boteco que fica na esquina em frente e encher a cara de cerveja e churrasquinho.
R$ 1,50

Yakisoba
Típico de São Paulo: uma coisa vira moda de repente, e parece que você passou o último ano morando na Índia. De onde surgiram todos esses tiozinhos chineses em aventais azuis fazendo yakisoba na rua? Acho que o povão tá sem grana até pra pedir China in Box, então os caras fizeram uma demissão em massa e, de uma hora pra outra, vários "yakisobistas" tiveram que se virar. Só pode ser. Ontem eu provei pela primeira vez, lá na PUC. O carrinho tem um buraco com o fogo onde se encaixa o wok (aquela panela côncava), e os tupperwares com os ingredientes. Óleo, frita um pouco a cebola, frango, repolho, shoyu, e o macarrão no final. Tudo isso com movimentos na panela que quando eu tento fazer em casa suja até o teto. Não era certamente o melhor yakisoba que eu comi na vida, mas pelo preço e praticidade, adorei. Bem melhor que o pastel ou o dogão que eu comi outros dias na saída da aula.
R$ 2,50 (pequeno)

Frutas
Em todo canto tem um cara com carrinho vendendo 6, 7, até 8 mexericas por um real. É muito barato pra passar a tarde se empanturrando de uma coisa natural. Coitadas das pessoas que trabalham com você, porque a sala fica empesteada com o cheiro. Mas tudo bem. Logo passa a temporada, e muda a fruta. É sempre uma opção melhor de snack do que um pacote de salgadinhos Torcida ou um monte de pão.

Sobremesa
Aqui na Brigadeiro tem um tiozinho que vende balinhas por 5 centavos. Qualquer moeda no bolsa vira uns dois ou três Dadinhos (da Dizioli!), ou balinhas toscas de erva cidreira. Perfect.

segunda-feira, agosto 23

Resoluções de meio de ano

Ok, são só resoluções de um final de semana. Mas tá no meio do ano, quer dizer, em agosto, mais ou menos perto... ok, só resoluções:

1. A dog
Não bastasse a esquisitisse de passar a gostar de cachorro e até ficar com saudades deles, agora quero ter um. Conversando com mamis na rede hoje, imaginamos que a Dona (Donna? nunca sei), labrador preta fuefa que mora no sítio, deve ter seus primeiros pequenos em um ano. Perfeito. Até lá, já sei (ou espero saber) se tô morando no mesmo apê, na mesma cidade (país?), no mesmo emprego... Anyway, tenho a sensação que as possibilidades estão tão abertas para depois que eu me formar (faltam três meses!), depois de nove anos, que até ter um cachorro parece se encaixar na história. Tanto quanto morar em Londres ou Brasília, tanto quanto deixar de ser jornalista ou ficar por aqui mesmo quietinho.

2. A bottle
Meu irmão perguntou do Australia Festival e eu lembrei que no ano passado eu comprei uma garrafa de um vinho australiano (dã) chamado Oxford Landing por R$ 51, achando super caro até ver o mesmo vinho por R$ 85 no PDA. E tá no meu bar, Miolo vem, Concha y Toro vai, e ele fica lá. Não dá pra tomar vendo Monk no domingão à noite, por mais que a bruschetta esteja ótima (calma, tem receita depois). Pois depois de caçar ocasião pra mandar ver no danado, decidi hoje que vai ser meu vinho de formatura. Em algum momento entre o desfile em carro aberto e a rave de 72 horas, vou comemorar tomando esse vinho. Com seleta listinha de convidados. Ou não, encho a cara de vinho bom sozinho.

PS gastronômico: bruschetta
Sim, eu vou resistir ao trocadilho. Façam piadas mentalmente. Bem na hora que eu fui pegar o cardápio pra pedir uma mega-fat-cheese-salada no (na) Chapa, lembrei dos tomates na geladeira, linkei com o pão velho (ainda está para surgir coisa mais versátil que pão velho) e com uma receita guardada no fundo da minha cabeça oca...

É assim: corta os tomates (usei 2) em cubinhos, depois joga um monte de azeite, alho picado (foi a estréia do meu potinho de alho picado, a felicidade existe!), pimentinha calabresa, sal, orégano. Deixa um tempo (quanto der), depois é só meter o pão uns 5 minutos no forno com um pouco de manteiga. Como o Monk já tava começando, resolvi levar pão e pote de tomate pra montar tudo na cama, na frente da TV. O que era improviso me pareceu mais bacana do que servir montado. Faltaram (muito) as folhinhas de manjericão fresco. E claro, o pão italiano. Mas ficou sensacional assim mesmo. Nada como uma deliciosa bruschetta antes de dormir no domingo.

domingo, agosto 15

Versão formando 04

Divisão de tempo:
35%: Trabalho
25%: Faculdade
25%: Sono
10%: Comer
3%: Filial
2%: tá querendo saber demais...

Resultado:
0%: Escrever no blog

segunda-feira, agosto 9

"Seu bicha!"

Daqui a pouco me acusam de fazer o blog do ônibus, mas essa é minha realidade hoje. Realidade fisica, quero dizer, não essa realidade maior, além dos homens, a luz... Ai, desculpa, muito Platão na cabeça pra poder se formar na PUC.

Foi justamente indo da PUC pro Filial, sexta à noite. Cinco menininhas indo pra balada descem no cruzamento da Cardeal com a Henrique Schaumann. Dois caras mexem com elas, a porta do ônibus fecha, e ela começam a xingar a duplinha de panacas. E os dois xingam de volta. Gritam, numa altura que dava pro ônibus da frente ouvir, frases singeles como "Suas vagabudas!" e "Vem aqui fazer uma chu[piiii, censurado]".

Eu, que tava indo encher a cara de chopp, não sou obrigado a aguentar esse tipo de orangotango no meu busão, certo? Quanto mais os tiozinhos e tiazinhas trabalhadores, que estavam certamente indo pro Largo da Batata pegar outro ônibus pra Carapicuíba ou Cotia ou mais longe. Revoltante.

Duas quadras depois, um carro da polícia fecha o ônibus, e dois PMs chegam na porta de tràs. Um dos caras, de bigode e cabelo comprido, foi mais fácil reconhecer e saiu logo arrastado, abre as pernas, mão na parede... O policial careca sobe no ônibus procurando o outro. "Ninguém aqui viu nada, né?" Todo mundo com cara de "num vi nada não senhor". Mas alguém entregou e o outro zé desceu (foi descido) do ônibus também.

O povão no ônibus urrava. "Desce a borracha neles!" "É isso aí, quem mandou mexer com mulher..." "Senta a bordoada nesses caras!" Juro que ouvi todas essas. As pessoas ficaram, e até eu fiquei, com aquele sentimento de que, ao menos de vez em quando, esse tipo de babaca não passa impune. Provalvemente vai fazer a mesma coisa no mesmo busão na sexta que vem, mas ainda assim foi sensacional.

Até uma senhora, sentada mais pra frente, com uma cara bem série e respeitosa, levantou da cadeira, pôs a cabecinha pra fora e não gritou, falou: "Seu bicha!".

sexta-feira, agosto 6

O maluco do BU

Estou virando um obcecado por bilhete único e as vantagens da tarifa integração (pra quem não anda de busão: você pode subir e descer de quantos ônibus quiser no período de duas horas, pagando uma passagem só). A minha preferida hoje é ir no super. Tem dois PDAs no caminho dô ônibus da PUC e do trabalho pra casa. Você desce, corre no super, e logo depois sobe no ônibus de novo sem pagar nada. Nunca achei que fosse fazer compras de busão.

Hoje acho que me superei: saí do trabalho, passei no super, fui em casa, almocei gostosinho, tomei banho e voltei pro escritório, tudo numa passagem só. Um dos meus momentos mais muquiranas, acho que só perde pro dia que comi um dogão na rua pra poder gastar dinheiro só com chopp no Filial.

Geladeira cheia
O cardápio foi mais uma vez o hit do momento lá de casa: franguinho temperado, abobrinha refogada no azeite e arroz (que já tinha feito na quarta). Depois aproveitei pra escrever na lousa branca um menu, que basicamente é pra não gastar dinheiro no super antes de comer o que tem em casa. Esses dias joguei fora uma sopa e um pacote de chá que venceram em 2002... Não quero que o mesmo aconteça com as batatinhas congeladas.

Pelas combinações de ingredientes, tem spaghetti com almôndega ou calabrasa, ou calabresa acebolada com cerveja, ou frango no molho de tomate com arroz... e quase um ano depois, voltou a ter brownie coma-ajoelhado-pedindo-perdão do PDA em casa. 20 segundos no microondas, um bola de sorvete de creme e... até daqui a pouco. Hmmmm...

PS musical
Inteiro baixado no meu computador e gravado: When It Falls (Zero 7). Quando escreveram que eles eram o Air inglês, comprei o primeiro disco de olho fechado. E agora estou quase (quase, calma) gostando mais que do próprio Air. Música pra ouvir de luz apagada e vela acesa. E nunca saber qual música mesmo está tocando, porque parece uma só o disco todo.