segunda-feira, agosto 9

"Seu bicha!"

Daqui a pouco me acusam de fazer o blog do ônibus, mas essa é minha realidade hoje. Realidade fisica, quero dizer, não essa realidade maior, além dos homens, a luz... Ai, desculpa, muito Platão na cabeça pra poder se formar na PUC.

Foi justamente indo da PUC pro Filial, sexta à noite. Cinco menininhas indo pra balada descem no cruzamento da Cardeal com a Henrique Schaumann. Dois caras mexem com elas, a porta do ônibus fecha, e ela começam a xingar a duplinha de panacas. E os dois xingam de volta. Gritam, numa altura que dava pro ônibus da frente ouvir, frases singeles como "Suas vagabudas!" e "Vem aqui fazer uma chu[piiii, censurado]".

Eu, que tava indo encher a cara de chopp, não sou obrigado a aguentar esse tipo de orangotango no meu busão, certo? Quanto mais os tiozinhos e tiazinhas trabalhadores, que estavam certamente indo pro Largo da Batata pegar outro ônibus pra Carapicuíba ou Cotia ou mais longe. Revoltante.

Duas quadras depois, um carro da polícia fecha o ônibus, e dois PMs chegam na porta de tràs. Um dos caras, de bigode e cabelo comprido, foi mais fácil reconhecer e saiu logo arrastado, abre as pernas, mão na parede... O policial careca sobe no ônibus procurando o outro. "Ninguém aqui viu nada, né?" Todo mundo com cara de "num vi nada não senhor". Mas alguém entregou e o outro zé desceu (foi descido) do ônibus também.

O povão no ônibus urrava. "Desce a borracha neles!" "É isso aí, quem mandou mexer com mulher..." "Senta a bordoada nesses caras!" Juro que ouvi todas essas. As pessoas ficaram, e até eu fiquei, com aquele sentimento de que, ao menos de vez em quando, esse tipo de babaca não passa impune. Provalvemente vai fazer a mesma coisa no mesmo busão na sexta que vem, mas ainda assim foi sensacional.

Até uma senhora, sentada mais pra frente, com uma cara bem série e respeitosa, levantou da cadeira, pôs a cabecinha pra fora e não gritou, falou: "Seu bicha!".

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