quarta-feira, maio 26

Semana de balanço

Parando e voltando, são 15 anos fazendo terapia. Teve a dra. Hélia, que me ensinou que não é o fim do mundo quando os pais da gente se separam e o irmão de gente é preso com drogas. A Mel me ajudou a amar essa cidade e virar gente. O Luiz deu pitaco em todos os relacionamentos importantes.

No ano passado, entrando em parafuso antes de viajar pra Austrália, fiz duas sessões com a Cecilia. Na semana passada, em Brasília, lendo um artigo sobre TDAH (transtorno do déficit de atenção e hiperatividade), comecei a chorar. E foi ela que começou essa história.

Em duas sessões, ela disse que eu devia fazer um teste psicopedagógico. Ela suspeitava de DDA (distúrbio do déficit de atenção). Fui e voltei da Austrália e deixei de lado.

Foi no almoço em Brasília que a Laura, namorada de um amigo de infância e mestre (no sentido das pessoas que fazem mestrado) em psicologia, ficou com a boca aberta quando eu descrevi o jeitinho que eu faço algumas coisas, e disse que tinha tudo a ver com TDAH, e foi aí que eu liguei de novo pra Cecilia pra ver se investigava esse negócio.

A Cecilia é junguiana e acredita em sincronicidade. Eu acredito em coincidência mesmo. Depois do artigo e do choro no cybercafé de um shopping na W3 sul, consegui esquecer a mala num táxi, quase esquecer a carteira no aeroporto e realmente perder a carteira no final de semana passado. E andou saindo matéria sobre isso em todo lugar. E uma amiga disse "estou lendo um livro sobre isso", e ela me deu de presente o livro (Mentes Inquietas), que estou morrendo de medo de ler e passar vexame chorando no busão.

A descrição dos sintomas é bastante impressionante, pra quem me conhece (eu, por exemplo): esquecimento crônico, falta de capacidade para se concentrar em compromissos, livros, tarefas profissionais, hiper-concentração em coisas que atraem o interesse, desorganização, inquietude motora (pára de balançar essa perna, menino!). E todos os prejuízos, emocionais e financeiros, que isso traz.

Pra mim, isso sempre foi uma mistura de imaturidade com irresponsabilidade, e um pouquinho de defeito de fabricação, paciência, live with it. Ainda não me convenci totalmente do contrário. Claro, muito fácil pra mim acreditar agora que tenho um treco aí com uma sigla, ufa!

Transtorno, distúrbio, sei lá. Parece que a Cecilia, em duas sessões, sacou o óbvio: o zé aqui não consegue se concentrar em nada. Vale desde uma ligação que preciso fazer agora e não faço porque estou escrevendo aqui, até para uma faculdade que demora nove anos (ou mais) pra terminar.

Depois de 15 anos (ela disse que cliente assim eles chama de "terapeutizado"), finalmente parece que tem jeito. Ainda bem que ainda estou na garantia, e a fábrica vai pagar o conserto.

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