Entrei no azul. Ainda pagando todas as dívidas da viagem pra Austrália, mas sem ninguém no meu cangote. E melhor do que o alívio de ver minha conta bancária positiva, e ter dinheiro pra comprar pãozinho no café da manhã, é retomar meu encontro diário com o jornal.
Quando fiquei desempregado, sem carro e solteiro, tudo ao mesmo tempo, ele (o jornal) virou uma putza companheiro. Uma amiga disse no primeiro ano de faculdade que gostava tanto de jornal que, se pudesse, dormia com ele. Acho que ela não pensa o mesmo hoje, nem eu, mas praticamente faço isso.
Nessa noite, quando cheguei às 4h da manhã, ele já tinha chegado. Putz, fiquei muito feliz. Fiz como sempre fazia, fui no elevador tentando ler a primeira página sem tirar do saquinho azul. Depois li mais alguma coisa antes de capotar.
E hoje de manhã, fiz meu café ansioso pra sentar na mesa com ele. Ler Dora Kramer. Ler horóscopo. Escolher um monte de restaurante pro final de semana e não ir em nenhum. Saber que filme está saindo. Ler política pra ter assunto. Ler economia por vício mesmo. Empestear a mão de tinta (e a casa inteira). Espalhar cadernos pela casa. Reconstituir o jornal, meter no saquinho, e levar no busão debaixo do braço. Recortar tirinhas do Calvin e pregar na geladeira...
Já achei que isso era símbolo de como trabalhar em casa era um saco, e solitário. Mas hoje foi uma delícia, e um alívio, dizer "bom dia, jornal".
Nenhum comentário:
Postar um comentário